Tirar dinheiro do próprio bolso para manter as despesas do negócio, investir e não ver a empresa andar, ou ter de lidar com os pequenos concorrentes que surgem como grama são preocupações recorrentes que muitos empreendedores se deparam quando estão começando. Alcançar lucros nesse cenário de imediato é possível, mas é preciso conhecimento para administrar.
Segundo o consultor financeiro Gustavo Cerbasi, alguns negócios merecem um novo fôlego de investimentos para uma nova rodada de iniciativas.
Para outros, o ideal é diminuir a sede pelo lucro e focar no aprendizado. Em entrevista ao CORREIO, Cerbasi explicou o que fazer em momentos críticos e como recomeçar quando o negócio der errado.
Gustavo Cerbasi é autor do best-seller “Casais Inteligentes Enriquecem Juntos”, adaptado para o cinema na comédia “Até que ao Sorte nos Separe”.
Mestre em Administração / Finanças pela Faculdade de Economia e Administração da USP (FEA-USP), com especialização em Finanças pela Stern School of Business – New York University, ele ministra em Salvador, nesta quarta-feira (24), a palestra “Onde se esconde o lucro das pequenas empresas”, um dos temas da Semana de Capacitação Empresarial do Sebrae.
Para começar, algumas pessoas tiram dinheiro do próprio bolso para manter as despesas do negócio. Por quanto tempo você acha que é saudável investir dessa forma?
O socorro do negócio com recursos pessoais não é um problema, desde que seja controlado e, principalmente, desde que seja realmente eventual. Se o empreendedor detectar que o socorro a seu negócio está sendo cada vez mais frequente e/ou em volumes maiores, está evidente que há um problema financeiro em sua empresa.
Nesse caso, duas estratégias devem ser colocadas em prática: 1) diminuir as retiradas e injetar um volume maior de recursos como investimento em capital de giro, sem perspectivas de recuperação a curto prazo; e 2) buscar auxílio com um consultor financeiro (como o serviço oferecido pelo Sebrae) para que seja feita uma avaliação da viabilidade do negócio e também para que sejam adotados procedimentos que aumentem o controle sobre os números e ajudem a detectar com antecedência a necessidade de recursos.
Muitos empreendedores sustentam negócios inviáveis por mais tempo do que precisariam, quando poderiam encerrar ou ajustar suas atividades antes de criarem um problema financeiro significativo. Essa negligência é que faz com que problemas dos negócios afetem as finanças da família, o que não deveria ocorrer.
Qual o conselho você dá para pequenos empreendedores que estão tentando pela segunda vez persistir em um negócio que deu errado?
Atentem aos números. Há uma diferença muito grande entre uma empresa com problemas estratégicos e uma empresa com problemas financeiros. Se um negócio deu errado por erros de estratégia, como um marketing inadequado, contratação de pessoas erradas ou falta de conhecimento do mercado, mas é potencialmente lucrativo, merece um novo fôlego de investimentos para uma nova rodada de iniciativas com maior conhecimento.
Porém, há empresas que têm bom produto, clientes satisfeitos, posicionamento adequado, mas mesmo assim não dão lucros. Quando surge essa sensação de “não sei por que não deu lucro, se tudo ia tão bem”, é porque a empresa tem problemas financeiros. Nesse caso, o primeiro passo é fazer um diagnóstico financeiro, com a ajuda de um consultor, para identificar se a empresa precisa apenas de fôlego financeiro e de um controle melhor do fluxo de caixa, ou se a operação é inviável em razão do custo financeiro ou das discrepâncias no fluxo de caixa.
Quem não sabe analisar os números deve buscar conhecimento antes de insistir em uma estratégia que fracassou. É para isso que servem os chamados cursos gerenciais – que, em vez de se aprofundar nos temas, procuram conscientizar dos elementos-chave que nos dão indícios dos problemas antes que eles fujam ao controle.
Sua palestra em Salvador tem como tema “Onde se esconde o lucro das pequenas empresas”. Na sua opinião, existe algum segmento que consegue lucrar mais e em menos tempo?
Existem segmentos que lucram mais, e segmentos que lucram em menos tempo. A combinação das duas coisas é fruto de decisões muito felizes, mas raramente previsível. É possível lucrar rápido em negócios que exigem pouco investimento, ou quando o nível de risco é menor em razão da associação com marcas ou serviços com boa reputação, como é o caso dos negócios de marketing multinível e das franquias. Lucrará mais quem tiver um produto ou serviço inovador e não tiver que dividir seus resultados com franqueadores ou detentores de marcas.
Para quem tem pouca experiência, a recomendação é ter menos sede pelo lucro e maior foco no aprendizado – o que é viável no segmento de franquias, por exemplo. Com o tempo e com a experiência, se o franqueador tiver espírito empreendedor poderá partir para iniciativas próprias e iniciar negócios sem pagamento de royalties, mais lucrativos.
Qual dica você tem para pequenos empreendedores. O que fazer com o lucro inicial do negócio?
O grande problema do pequeno negócio é que seus concorrentes diretos estão muito próximos, e a qualquer hora outros concorrentes similares podem surgir. Se o pequeno negócio estiver sendo planejado adequadamente, haverá planos para investir em seu crescimento por pelo menos dois anos. Os primeiros lucros apurados devem ser utilizados na consecução desses planos, para criar diferenciais que distanciem a jovem empresa de seus concorrentes. E estamos tratando do maior investimento da vida do empreendedor, da fonte de renda de sua família.
Investir no início significa colher mais nos períodos seguintes, o que faz todo sentido. Quem inadvertidamente, passar a desfrutar dos resultados antes da hora, será engolido por um concorrente um pouco mais perspicaz, que mesmo chegando depois saberá fazer sua marca crescer mais e atrair os clientes que pareciam garantir o sustento do precipitado. É por isso que, ao planejar um novo negócio, recomenda-se não contar com resultados dele no início. O sustento do empreendedor deve vir, preferencialmente, de suas reservas pessoais. (CORREIO)
DEIXE SEU COMENTÁRIO ABAIXO:
Segundo o consultor financeiro Gustavo Cerbasi, alguns negócios merecem um novo fôlego de investimentos para uma nova rodada de iniciativas.
Para outros, o ideal é diminuir a sede pelo lucro e focar no aprendizado. Em entrevista ao CORREIO, Cerbasi explicou o que fazer em momentos críticos e como recomeçar quando o negócio der errado.
Gustavo Cerbasi é autor do best-seller “Casais Inteligentes Enriquecem Juntos”, adaptado para o cinema na comédia “Até que ao Sorte nos Separe”.
Mestre em Administração / Finanças pela Faculdade de Economia e Administração da USP (FEA-USP), com especialização em Finanças pela Stern School of Business – New York University, ele ministra em Salvador, nesta quarta-feira (24), a palestra “Onde se esconde o lucro das pequenas empresas”, um dos temas da Semana de Capacitação Empresarial do Sebrae.
Para começar, algumas pessoas tiram dinheiro do próprio bolso para manter as despesas do negócio. Por quanto tempo você acha que é saudável investir dessa forma?
O socorro do negócio com recursos pessoais não é um problema, desde que seja controlado e, principalmente, desde que seja realmente eventual. Se o empreendedor detectar que o socorro a seu negócio está sendo cada vez mais frequente e/ou em volumes maiores, está evidente que há um problema financeiro em sua empresa.
Nesse caso, duas estratégias devem ser colocadas em prática: 1) diminuir as retiradas e injetar um volume maior de recursos como investimento em capital de giro, sem perspectivas de recuperação a curto prazo; e 2) buscar auxílio com um consultor financeiro (como o serviço oferecido pelo Sebrae) para que seja feita uma avaliação da viabilidade do negócio e também para que sejam adotados procedimentos que aumentem o controle sobre os números e ajudem a detectar com antecedência a necessidade de recursos.
Muitos empreendedores sustentam negócios inviáveis por mais tempo do que precisariam, quando poderiam encerrar ou ajustar suas atividades antes de criarem um problema financeiro significativo. Essa negligência é que faz com que problemas dos negócios afetem as finanças da família, o que não deveria ocorrer.
Qual o conselho você dá para pequenos empreendedores que estão tentando pela segunda vez persistir em um negócio que deu errado?
Atentem aos números. Há uma diferença muito grande entre uma empresa com problemas estratégicos e uma empresa com problemas financeiros. Se um negócio deu errado por erros de estratégia, como um marketing inadequado, contratação de pessoas erradas ou falta de conhecimento do mercado, mas é potencialmente lucrativo, merece um novo fôlego de investimentos para uma nova rodada de iniciativas com maior conhecimento.
Porém, há empresas que têm bom produto, clientes satisfeitos, posicionamento adequado, mas mesmo assim não dão lucros. Quando surge essa sensação de “não sei por que não deu lucro, se tudo ia tão bem”, é porque a empresa tem problemas financeiros. Nesse caso, o primeiro passo é fazer um diagnóstico financeiro, com a ajuda de um consultor, para identificar se a empresa precisa apenas de fôlego financeiro e de um controle melhor do fluxo de caixa, ou se a operação é inviável em razão do custo financeiro ou das discrepâncias no fluxo de caixa.
Quem não sabe analisar os números deve buscar conhecimento antes de insistir em uma estratégia que fracassou. É para isso que servem os chamados cursos gerenciais – que, em vez de se aprofundar nos temas, procuram conscientizar dos elementos-chave que nos dão indícios dos problemas antes que eles fujam ao controle.
Sua palestra em Salvador tem como tema “Onde se esconde o lucro das pequenas empresas”. Na sua opinião, existe algum segmento que consegue lucrar mais e em menos tempo?
Existem segmentos que lucram mais, e segmentos que lucram em menos tempo. A combinação das duas coisas é fruto de decisões muito felizes, mas raramente previsível. É possível lucrar rápido em negócios que exigem pouco investimento, ou quando o nível de risco é menor em razão da associação com marcas ou serviços com boa reputação, como é o caso dos negócios de marketing multinível e das franquias. Lucrará mais quem tiver um produto ou serviço inovador e não tiver que dividir seus resultados com franqueadores ou detentores de marcas.
Para quem tem pouca experiência, a recomendação é ter menos sede pelo lucro e maior foco no aprendizado – o que é viável no segmento de franquias, por exemplo. Com o tempo e com a experiência, se o franqueador tiver espírito empreendedor poderá partir para iniciativas próprias e iniciar negócios sem pagamento de royalties, mais lucrativos.
Qual dica você tem para pequenos empreendedores. O que fazer com o lucro inicial do negócio?
O grande problema do pequeno negócio é que seus concorrentes diretos estão muito próximos, e a qualquer hora outros concorrentes similares podem surgir. Se o pequeno negócio estiver sendo planejado adequadamente, haverá planos para investir em seu crescimento por pelo menos dois anos. Os primeiros lucros apurados devem ser utilizados na consecução desses planos, para criar diferenciais que distanciem a jovem empresa de seus concorrentes. E estamos tratando do maior investimento da vida do empreendedor, da fonte de renda de sua família.
Investir no início significa colher mais nos períodos seguintes, o que faz todo sentido. Quem inadvertidamente, passar a desfrutar dos resultados antes da hora, será engolido por um concorrente um pouco mais perspicaz, que mesmo chegando depois saberá fazer sua marca crescer mais e atrair os clientes que pareciam garantir o sustento do precipitado. É por isso que, ao planejar um novo negócio, recomenda-se não contar com resultados dele no início. O sustento do empreendedor deve vir, preferencialmente, de suas reservas pessoais. (CORREIO)
DEIXE SEU COMENTÁRIO ABAIXO: